segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Zeca Baleiro & Hilda Hilst: Ode Descontínua e Remota Para Flauta e Oboé - de Ariana para Dionísio

Já faz algum tempo que não vinha aqui falar de uma gravação, muito trabalho, mudança de prédio no trabalho e provável mudança de residência são apenas alguns motivos para a falta de tempo. Mas esse disco merece o comentário porque é extraordinário. Zeca Baleiro, músico maranhense, mostra todo o seu talento musicando o poema supra-citado (título) de Hilda Hilst. As dez partes do poema são cantadas por grandes vozes femininas da nossa música. Angela Ro Ro, Maria Bethania, Mônica Salmaso, Olivia Byington, Rita Ribeiro, Angela Maria, Jussara Silveira, Ná Ozzetti, Verônica Sabino e Zélia Duncan fazem deste disco uma obra prima. O poema é maravilhoso e as músicas do Zeca "apenas" enfatizam a beleza desta obra de Hilda Hilst. Minha interpretação favorita (foi complicado escolher) é a Canção IV com Jussara Silveira. Se não têm o disco ainda, comprem. O dinheiro será muito bem empregado. Se quizerem ouvir o disco podem procura no novo Um Que Tenha.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Joshua Redman: Compass

UM SINGULAR DISCO NO PLURAL
Tenho que admitir. Não estou escutando música como realmente gosto. Depois das 11, quase meia noite, quando o silêncio se inicia, até a madrugada, sozinho, com pouca luz. Imperdoável! Ouvir música é um ato de recolhimento, um reencontro com a parte da vida que é superior a isso que chamamos de real, uma aproximação de nossos deuses, se é que eles existem e estão em algum lugar. Não importa. Basta deixarmos que a música nos leve para alguns andares acima dos desejos humanos, carnais e efêmeros. Ouvindo música, ritualisticamente, acredito que
alguma coisa existe além do nosso entorno palpável. Mas tenho o defeito de querer ouvir música na solidão. Entre amigos, ao lado da pessoa amada, dentro do carro, caminhando, batendo papo, também é bom, mas a música torna-se acessória. O ideal mesmo é ouvir música ao vivo, num teatro, no ato de sua feitura, sem precisar estocar. Como nem sempre isso é possível, parto para música em conserva. Para compensar, imagino que sou a platéia, única e soberana. Meu equipamento é um palco imaginário. Tem vantagens. Sinto-me parte da música, ouço o que quero e como quero, com mais ninguém no meu teatro. Transgrido sem medo.
Já passaram algumas semanas depois que Ronaldo convidou-me para escrever em seu (agora nosso) blog. Tenho procurado tempo, para a escrita e a volta verdadeira ao meu ritual semanal de audição musical. Mantenho meu programa na Rádio Universitária de Fortaleza, nem sei como. Apenas faço, toda segunda-feira. Mostro um concerto de jazz gravado ao vivo, em algum lugar do planeta. Agora, com esse texto e o disco sobre o qual vou escrever, retorno ao meu antigo day-off, uma passagem por fora do mundo cotidiano, onde dispo-me dos problemas que não tenho, escondo-me de quem não me procura, saio do ar estando em terra. Um momento único que me permite o luxo de não fazer nada, não pensar em nada, apenas ouvir música, isolado nesse meu teatro particular e imaginário, nos alpes da cidade de Fortaleza. Uma pura cachaça é bem-vinda nesse meu lugar.

Foi lá que ouvi o irretocável disco do saxofonista Joshua Redman, um americano de 40 anos, que sempre admirei, apesar de alguns passos equivocados de sua discografia. Redman é um daqueles músicos que emergiram no jazz nos anos 90 e logo foram intitulados com o horroroso apelido de young lions. Que mania besta essa das imprensas especializadas. Rotulam tudo e todos, principalmente quanto militam no mundo das artes. Arte não carece de nome e sim de emoção.

Na década de 90, ouvia muito um disco de Joshua Redman, gravado no início de sua carreira, com a participação do guitarrista pop star Pat Metheny. Era o álbum “Wish” (1993), seu segundo trabalho. Lembro-me que ouvia esse disco com minha cúmplice, hoje minha namorada e mãe de meu filho, que nem gosta muito de jazz. Lá, no século passado, ainda gravando canções mais populares e tentando catapultar sua carreira, Redman saiu-se muito bem nos temas simples, incluindo Eric Clapton e Steve Wonder. Era um sax melódico e tonal, quase um smooth jazz, sem ser enfadonho ou meloso. Outro disco de Redman que muito me marcou foi “Spirit of the Moment: Live at the Village Vanguard” (1995), um álbum duplo gravado ao vivo. Ali, Redman me conquistou definitivamente. Gosto de jazz feito ao vivo, mesmo enlatado, principalmente quando sobram os ruídos do ambiente, as impurezas de gravação, as vozes ao fundo. Detalhes sujos que tornam o jazz uma música cheia de purezas, muito mais jazz.

Depois de 14 anos, ouço outro Redman, em seu 14º álbum, “Compass” (2009), um trabalho autoral, ousado, maduro, onde se mostra como um instrumentista e compositor de jazz, autêntico e sem títulos midiáticos. Como dizemos no Ceará, um disco de “amostrado”. A alma do disco pode não ser de Sonny Rollins, mas com certeza ele andou passando pelo Avatar Studio, na cidade de Nova Iorque. Ouça “Round Reubem”, feche os olhos e ache o sax de Rollins. É uma bolacha singular e plural. Singular no vanguardismo melódico de seus temas. Plural, literalmente, na ousadia de Redman, com seu sax tenor que vale por dois, acompanhando-se de duas baterias e dois contrabaixos. Isso mesmo, um quinteto, quase sexteto, formado por três instrumentos. O álbum foi construído com 13 temas, 9 deles de Redman. Um desses temas “Noredman” é criação coletiva, dois outros de seus músicos parceiros e uma belíssima homenagem ao alemão Ludwig Van Beethoven, a sonata “Moonlight”, que não abre o disco, mas conquista definitivamente o ouvinte. Uma prece. Na sonata beethoviana, os baixos de Larry Grenadier e Reubem Rogers anunciam a oração, como se implorassem por silêncio profundo, quase fúnebre, textura da amada imortal. Os pratos de Brain Blade e a caixa de Gregory Hutchinson preparam o altar, dão volume, anunciam a celebração. As notas do sax tenor de Redman invadem o ambiente. E nessa hora é inevitável. Tem que parar tudo e ouvir, simples assim. São sons-palavras, pronunciadas na língua universal, nos convidando nossa mais secreta oração. Só essa faixa já valeria o disco. Melhor, tem outras 12.

O tema que apresenta o álbum é “Uncharted”, uma criação coletiva, interpretada pelos próprios compositores. Os primeiros acordes do álbum são, naturalmente, de Redman. As notas de seu tenor anunciam o disco. Ali, já nos primeiros segundos, percebemos que estamos ouvindo algo novo, ou pelo menos diferente. Uma conversa de quatro instrumentistas (Brian Blade não abre o disco). O saxofone define o rumo da viagem que vamos fazer. Música, acima de tudo, com muito espaço para criação individual, luxuosas improvisações, respeito pelo músico do lado, pelo ouvinte. É assim durante todo o disco. Perfeito.

Como o meu equipamento de som não é um compacto made in china, consegui ouvir cada detalhe. E é no detalhe que o disco é grande. Cada faixa vem com a indicação de como os instrumentos estão separados por canal, o que facilita muito a identificação das cores de cada um desses geniais artesãos da música. Como são dois contrabaixos e duas baterias, para o ouvinte menos atento, essa informação é imprescindível, pois permite sentir as nuanças e diferenças entre os dois baixistas e dois bateristas.

Ficaria horas descrevendo os outros temas do álbum, quase todos de Redman. Melhor mesmo é terminar o texto e ouvir mais uma vez. Na minha modesta opinião, o melhor lançamento de 2009, até agora. Volto para o meu day-off. Quem sabe, lá descubro outra pérola negra para comentar aqui.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Amy Winehouse: Back to Black

Infelizmente eu não tenho muitas oportunidades de ouvir discos de artistas na nova geração. Não é preguiça, mas é apenas fato pois mal tenho tempo de ouvir as recomendações que recebo de amigos ou que vejo em sites que frequento. Ano passado, aqui nos EUA, eu estava ouvindo o jornal na radio (NPR) quando a repórter começou a falar desta cantora inglesa metida em problemas de drogas mas que tinha sido indicado para vários Grammys. A primeira coisa que me veio a cabeça foi: "Lá vem mais uma porcaria". Qual foi minha surpresa quando começaram a mostrar partes da música da Amy Winehouse, que confesso até aquelo momento ser uma mera desconhecida pra mim pois nunca nem tinha ouvido falar do nome. Mas bastou uma frase da música pra eu ver que não estavam falando de mais uma "porcaria" mas de algo especial. A voz era maravilhosa, algo que não se ouve todos os dias. Me fez lembrar as grandes cantoras de Jazz como Billy Holiday (não estou dizendo que as vozes são parecidas, estou dizendo que a forma de cantar me fez lembrar de grandes cantoras). Fiquei tão impressionado que ao chegar no meu escritório tive que fazer uma pesquisa no site do NPR sobre a reportagem (pois nem o nome da cantora eu lembrava mais apesar de não esquecer da voz). Descobri que a reportagem era sobre Amy Winehouse. Ao meio dia, por impulso mesmo, foi a loja de discos local e comprei o disco e não conseguia parar de ouvir e o que me impressionava mais era ver a pessoa reponsável pela voz. Uma meninazinha franzina, magrinha que tudo indicava não ser capaz de ter aquela voz, mas tinha e tem. O disco Back to Black, que comprei naquele dia, é simplemesmente maravilhoso com músicas belíssimas e bem interpretadas como Rehab, Back To Black e minha favorita: You Know I'm No Good. Infelizmente, Amy parece ser mais uma dessas cantoras que não conseguem lidar com a própria vida. Constantemente envolvida com drogas, seu destino parece ser a de tantas outras que simplesmente se mataram. Espero estar errado pois com apenas dois discos gravados, ela, como cantora, ainda tem muito a nos oferecer mas para tanto precisa aprender a viver. Se não conhecem não deixem de ouvir. Não vão se arrepender.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Família Roitman: O Samba nas Regras da Arte

O grupo Família Roitman foi o responsavel pelo meu interesse pessoal por esse movimento de renascimento do samba tradicional. Quando eu morava na Inglaterra de 1995-2000 me deparei com esse disco em uma loja local e sem conhecer resolvi comprá-lo e foi uma grata surpresa. Recentemente vi que o disco estava sendo relançado já que inicialmente foi lançado somente na Europa. O som deste disco é bem differente do que se espera de um disco de samba. O motivo é que o grupo têm um estilo de cantar que lembra a época de ouro do samba brasileiro no Rio de Janeiro. Originalmente formado em 1988 só gravaram o primeiro disco (este) em 1995. O grupo é formado pelos músicos Léo Tomassini (voz), André Weller (piano), Felipe Trotta (violão) e Felipe Decourt (bateria e pandeiro). A voz do Léo Tomassini é muito agradável e lembra muito a voz do Marcos Sacramento. O reportório do disco é variado mas é mais focado em músicas de Noel Rosa e Ismael Silva. Mas ínclui também músicas de Lamartine Babo (Voltei a Cantar), Assis Valente (Recenseamento), entre outras. O grupo possui um outro disco lançado entitulado Coisa Antiga (1998). Não tenho mais notícias se o grupo continua na ativa, mas para os interessados em uma re-leitura de sambas tradicionais, vão gostar bastante deste disco.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pat Metheny & Charlie Haden: Beyond the Missouri Sky

Sabe aquela conversa de quais discos você levaria para uma ilha deserta. Por mais que eu deseje que isso nunca acontessa comigo pois seria complicado viver sem meus 2500+ discos, tenho que confessar que este certamente estaria na minha lista e muito provavelmente na primeira colocação. Beyond the Missouri Sky é um disco que mostra uma combinação perfeita da guitarra e violão de Pat Metheny com o contra baixo de Charlie Haden. O disco é pra ser ouvido com calma e em um local tranquilo. Nada de ouvir em festa, com barulho ao redor, ou algo parecido. Minha recomendação é que você ouça em um bom equipamento de som, tomando um bom vinho, e principalmente muito bem acompanhado. Difícil nesse disco dizer a música que gosto menos ou mais já que o disco é todo bom. Mas minha preferência pessoal são as músicas: Spiritual e os dois temas do filme Cinema Paradiso: Main Theme and Love Theme. Se vocês não tem esse disco, estão perdendo a chance de ouvir uma obra prima.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sururu na Roda: Que Samba Bom

Esse grupo de samba/chorinho é mais uma prova que nossa música está mais viva do que nunca. O disco é excelente. O diferencial aqui é que temos uma mistura de choro com um grupo vocal extremamanete afinado. imaginaram algo como Quarteto em Cy cantando choro? É mais ou menos por , mas melhor! Bem melhor na realidade. O disco é gravado ao vivo o que me faz pensar em DVD. Porque não lançar um DVD para nós que moramos fora do Rio de Janeiro. O website do grupo é sururunaroda.com.br e eles também têm uma página no myspace.com. Na página do MySpace dá pra ouvir umas músicas e ter idéia da qualidade desse grupo. O grupo é formado por Nilze Carvalho (voz, cavaquinho e bandolim), Camila Costa (voz e violão), as fundadoras, e agora com Fabiano Salek (voz e percussão) e Sílvio Carvalho (voz e percussão). Esse é o primeiro disco que reviso aqui que não sei qual música gosto mais pois cada música é melhor que outra. O disco passa uma alegria difícil de ouvir em outros grupos. Mas vou arriscar e dizer as minhas preferidas são A Volta/Não Sou Mais Disso (com Zeca Pagodinho), Aquele Samba é Meu, e Boca a Boca, esta última é mais um baião do que um samba mostrando a versatilidade do grupo. Comprem!!! Não vão se arrepender.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bill Frisell: Good Dog, Happy Man

Há muito tempo que eu já deveria ter falado do guitarrista Bill Frisell, afinal de contas, se este blog é sobre músicas que ouvimos, não há nada em minha coleção que eu ouço com mais frequencia que Bill Frisell. Difícil foi escolher qual disco recomendar primeiro. Depois de ouvir os discos novamente resolvi falar primeiro do disco chamado Good Dog, Happy Man. Assim com outros discos, este é fantastico. Bill Frisell é, na minha opinião, o guitarrista mais criativo da atualidade. Há algo em sua música que eu diria ser "viciante" (no bom sentido). O timbre de sua guitarra é inconfundível e a sua virtuosidade difícil de ser comparada. Eu me sinto um felizardo de visto o Bill Frisell ao vivo em 3 ocasiões das quais a melhor foi em Berlin quando ele resolveu tocar somente Beatles. Foi incrível. Por sinal, Bill Frisell nunca gravou um disco com tais músicas. Acho que ele apenas estava com vontade de se lembrar dos Beatles. Do disco Good Dog, Happy Man gosto muito de três músicas: Cadillac 1959, That Was Then e minha preferida, Poem for Eva. Algumas amigos que tenho acha que a forma de torcar do Bill Frisell parece que ele toca com "preguiça". Mas se você ver ele tocando ao vivo, verá que na verdade é o contrário. A música é um pouco intropectiva, e nos shows vemos que o Bill Frisell se entrega totalmente ao som de sua música. O blog Into the Rhythm possui um linque que permite você baixar esse album e ouví-lo antes de comprar. Clique aqui.

domingo, 19 de abril de 2009

Dona Inah: Olha Quem Chega

Confesso a todos que não conhecia o trabalho da Dona Inah. Comprei o disco porque são de sambas de Eduardo Gudin que possui sambas lindíssimos como Velho Ateu e Maior é Deus. Não me arrependi, o disco Olha Quem Chega é belíssimo e Dona Inah uma grande intérprete. Dona Inah (Ignês Francisco da Silva) é de Araras em São Paulo e começou a cantar ainda aos 8 anos. O meu desconhecimento não é surpreendente, porque ao pesquisar sua história, fica fácil ver que apesar de seu talento ela se manteve afastada dos grandes eventos até 2002 quando participou do musical Rainha Quelé em homenagem a grande Clementina de Jesus. Depois disso, sua voz de pastora voltou ao centro das atenções. Gravou em 2004 o CD Divino Samba Meu e agora segue com este novo CD de músicas de Eduardo Gudin. Dona Inah merece o sucesso que está tendo atualmente e sua voz merece ser ouvida. A interpretação das duas músicas que citei acima são maravilhosas; sua (dela) voz se encaixa perfeitamente aos sambas. Vale a pena também Dona Inah contanto curiosidades de sua vida em uma pequena entrevista data por ela a radio CBN de SP. Para ouvir clique aqui. Fique também com um vídeo de Dona Inah cantando Praça 14 Bis em uma roda de samba (27 de Outubro de 2008).

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Tira Poeira

O CD homônimo do grupo Tira Poeira é mais uma boa surpresa lançada pela Biscoito Fino. Como têm lançado coisa boa essa gravadora. E como seria bom pra nossa músicas se outras gravadoras como essa aparecessem. Este grupo de choro formado por Henry Lentino (bandolim), Caio Márcio (violão), Samuel de Oliveira (saxofone), Fábio Nin (violão 7 cordas) e Sérgio Krakowski (pandeiro) tem recebido boas críticas no Brasil. Não é de surpreender, o grupo é realmente muito bom e versátil. De acordo com o site da gravadora, o Tira Poeira é um grupo do Rio de Janeiro, mais especificamente da região da Lapa, um dos berços do choro. O disco tem a participação especial de músicos como Teresa Cristina, Guilherme de Brito e Pedro Miranda, este último com uma interpretação de O Mundo é um Moinho de Cartola que é de arrepiar!! O Tira Poeira ainda vai dar muito o que falar e este CD deve ser o início de uma carreira promissora. Outro CD já foi lançado (Feijoada Completa), mas não tive ainda a oportunidade de ouvi-lo. Sei que tem participação até da Maria Bethânia. Quando eu comprar colocarei um comentário aqui.

domingo, 12 de abril de 2009

3 por Acaso: Música Instrumental Brasileira

Quem me conhece sabe que tenho fascínio por grupos com formações não tradicionais. O melhor exemplo pra mim é o artista de jazz Bill Frisell. Porém sempre achei que nossa música carecia de algo semelhante. Foi exatamente isso que me atraiu para este disco pois suas formação, totalmente instrumental, é violão, viola de arco e percussão. Não é difícil notar que é uma formação incomum em nossa música, principalmente se considerarmos a viola de arco. Os músicos que fazem esse grupo são Bisdré (viola de arco), Victor Steiner (violão de 7 cordas) e Vítor Cabral (percursão). As interpretações são muito boas mas nota-se em alguns trechos que o grupo é novo e ainda em processo de formação. O repertório é muito bom e composto de clássicos da MPB como Bebê (de Hermeto Pascoal), Arrastão (de Edu Lobo), a Volta do Malandro (de Chico Buarque) entre outras. Por ser um disco lançamento ou até mesmo de divulgação, é curto mas vale a pena. O trabalho é bom o suficiente para nos fazer esperar o próximo. O site Um Que Tenha disponibilizou o disco em MP3. Clique aqui pra visitar a página do grupo no Um Que Tenha.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Jussara Silveira, Teresa Cristina, Rita Ribeiro: Três Meninas do Brasil (Ao Vivo)

Como já falei que gosto da Teresa Cristina vou retornar ao tema. Recemente ela lançou um CD pela biscoito fino chamado Meninas do Brasil com Jussara Silveira e Rita Ribeiro. Infelizmente este não entra pra minha lista de melhores. Em outros comentários falo muito da importância de uma boa escolha de repertório. Minha opinião é que este disco poderia ser 1000 vezes melhor se os responsáveis pela escolha do repertório (acredito que as próprias cantoras) tivessem feito um trabalho melhor. Sem parcialidade, as músicas com participação da Teresa Cristina são as melhores. Os pontos altos do disco são Cantar e Para Ver as Meninas (a única música que realmente soa espetacular na voz das três meninas). Os pontos baixos são as músicas Dama do Cassino (simplesmeste horrível, uma pena), Menina Amanhã de Manhã e Maiúsculo. O restante do repertório é composto de músicas que não impressionam nem positivamente nem negativamente. Acho também as três não soam bem juntas. O disco é seco, e passa a impressão que Teresa Cristina, Jussara Silveira e Rita Ribeiro não conseguiram o entrosamento necessário para este projeto. Quando este disco foi lançado fiquei muito ancioso para comprá-lo e até coloquei o DVD também lançado na minha lista. Infelizmente, ontem, tive que retirá-lo de minha lista. Não irei comprar esse DVD apesar de minha admiração clara pela Teresa Cristina. Minha avaliação geral é que este disco é uma daquelas idéias que são excelentes no papel mas que na prática acabam não sendo tão boas.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Marcos Sacramento: Memorável Samba

Todos nós sabemos o quanto a nossa música sofre pela falta de incentivo; principalmente a música de qualidade. Em 2007 eu tive a infelicidade de presenciar uma das consequências dessa política em um show do Marcos Sacramento em Fortaleza. Quando soube que ele faria um show, fiquei entusiasmado e até chamei amigos para irem comigo. Tentei comprar meu ingresso antecipadamente pois custava somente R$5 e metade disso para estudantes. Show em um teatro aclimatizado e com cadeira marcada. Qual foi minha surpresa quando no dia do show vi somente umas 50 pessoas no teatro. O show era Memorável Samba e como falou meu amigo, foi um dos melhores shows de samba que ele já ouviu. Não é surpresa. Marcos Sacramento é um dos maiores intérpretes de samba que temos hoje. Um cantor jovem que faz parte da nova geração de sambistas. O CD Memorável Samba é um jóia rara e um excelente início para os que não conhecem o trabalho desse rapaz. O repertório é muito bom e inclui maravilhas como "Errei... Erramos" de Ataulfo Alves e "Fez Bobagem" de Assis Valente. A voz do Marcos Sacramento é perfeita para esse tipo de Samba. Sua voz é forte mas ao mesmo tempo delicada. Um cantor afinadíssimo, Marcos certamente agradará a todos os amantes da música brasileira.

domingo, 22 de março de 2009

Palavra (En)Cantada

Uma das piores coisas de se morar fora do Brasil (como é o meu caso) é não ter acesso a muitos discos, livros e filmes nacionais. Apesar da Internet que aproxima tudo e todos, o acesso a arte ainda é complicado. Agora mesmo, vi o trailer do filmes Palavra (En)Cantada e fiquei triste pois sei que quase certamente terei que esperar este ser lançado em DVD, o que no Brasil pode demorar mais de 1 ano. Mas confiram e digam depois se realmente o filme é tão bom quanto parece. Vejam o trailer abaixo.

domingo, 1 de março de 2009

Mônica Salmaso: Voadeira

Depois da morte de nossa querida Elis, o Brasil sempre procurou, sem sucesso, uma cantora a sua altura. Não vou dizer que a Mônica Salmaso está no nível da Elis, mas se houvesse uma competição ela teria que concorrer principalmente porque assim com a Elis, a Mônica Salmaso faz um excelente trabalho na escolha de seu repertório. O disco Voadeira é a melhor prova disso. Nota-se facilmente que as músicas foram escolhidas com muito cuidado. Não tem uma que não agrade e que não se adeqüe a vóz grave da Mônica, que as torna ainda mais bonitas. Com participações de Marcos Suzano (um de nossos melhores percussionistas), e Paulo Bellinati, Mônica viaja em um repertório que vai de Guinga (Senhorinha) à Dorival Caymmi (O Vento), de Chico Buarque/Tom Jobim (A Violeira) à Chico César (Beradêro). Esta última por sinal cantada somente com o acompanhamento de um contra-baixo: belíssimo. Minhas favoritas, além da música do Guinga que já falei em outro post por ser uma de minhas músicas prediletas, está Canto Em Qualquer Canto de Itamar Assumpção e Ná Ozzetti. Mônica consegue o feito de interpretar essa música melhor que Ney Matogrosso (que também a gravou). Se quizerem conhecer um pouco a qualidade desta cantora começem por este disco (originalmente gravado em 1999). Não vão se decepcionar. Se forem procurar o disco, é bom saber que o mesmo foi lançado duas vezes com duas capas diferentes. Não procuram somente pela capa! O site Um que Tenha disponibilizou o disco para aqueles que querem ouví-lo antes de comprá-lo. O linque é este aqui.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Cartola (1976)

Venho hoje comentar um disco clássico, antigo e que faz parte da lista dos melhores discos brasileiros de todos os tempos. Cartola, 1976, é uma jóia rara, a ser ouvida e revisitada sempre que possível. Este disco é o segundo de Cartola e traz todo o lirismo do seu Angenor, com suas letras perfeitas aliada a uma enorme riqueza melódica e harmônica. Cartola é essencial, traz um samba novo e diferente, mas que ao mesmo tempo não perde o sabor tradicional. Tudo isto está traduzido neste disco, uma obra-prima do samba.

O disco é perfeito e essencial. Canções belíssimas, que viraram clássicas - como "O Mundo é um Moinho" e "As Rosas não Falam" - assim como outras tão ou mais belas (se é que isto é possível), que estão entre as minhas favoritas mas que muitos não conhecem. Dentre estas, "Cordas de Aço", "Minha" , "Sala de Recepção" (dedicada à Escola de Samba Mangueira, regravada recentemente pelo Chico Buarque) e "Peito Vazio". Tem ainda musica de Candeia, em "Preciso me Encontrar" (aquele samba que a Marisa Monte gravou no seu primeiro disco), que aqui conta com um fagote genial, assim como o belo samba "Senhora Tentação", de Silas de Oliveira. Faz ainda parte desse momento memorável de Cartola, o samba "Ensaboa", também regravado alguns anos depois pela Marisa Monte. É um disco de pura inspiração, um momento mágico. É um disco completo, inteiro, que se escuta sem saltar nenhuma música.

A perfeição do disco, além da genialidade de Cartola, está na riqueza dos músicos que o acompanham. Estamos falando de Dino "7 Cordas", Canhoto, Abel Ferreira, Altamiro Carrilho e de um jovem Guinga, que acompanha Cartola em "O Mundo é um Moinho." A ficha técnica está disponível aqui.

A canção "Peito Vazio" está na minha lista das preferidas. Você pode ver o próprio Cartola cantando-a aqui.

Se você vai comprar só um disco de samba, não tenha dúvida. Este é o disco.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Rappa: Acústico MTV

Muitos aqui talvez fiquem surpresos com essa sugestão. Mas vejam bem esse site não é sobre samba ou sobre MPB clássica (seja lá o que isto quer dizer). O fato é que o blog é dedicado a músicas que ouço, ou melhor, como agora tenho a colaboração de meu amigo/irmão Márcio Braga, deveriamos dizer música que ouvimos. Bem porque estou sugerindo este disco? Simplesmente porque O Rappa é, na minha opinião, um dos melhores grupos de rock que a música popular brasileira produziu nos últimos anos e esse CD é uma boa amostra do que o grupo possui. Eu também tenho o DVD e não é preciso falar que a produção da MTV é, como sempre, fantástica. Mas eu falei "rock" mas sinceramente eu não sei como classificar O Rappa. Sei sim, que a música é de qualidade e por isso está aqui neste site. O disco é todo bom, mas se destaca pra mim a música "Pescador de Ilusões" porque quem não é? Vivemos em um mundo onde o que nos é dado é quase sempre ilusões. O CD tem a participação da nossa querida Maria Rita. As vezes penso que morar fora do Brasil me dá chances de ouvir músicas que provavelmente não ouviria se estivesse no Brasil. Lá, sempre fui muito fixado na música brasileira tradicional (Tom, Chico, etc.), mas morando fora a gente "pega" o que tem a oportunidade de ouvir e esse CD/DVD foi uma excelente surpresa. Eu recomendo a todos os amantes da MPB que possuem uma mente "aberta". Se quizerem ouvir antes de comprarem, podem achar o disco aqui neste linque. O linque nos é trazido pelo blog baixem.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Teresa Cristina: Delicada

A primeira vez que ouvi a Teresa Cristina foi em um DVD que comprei mais por impulso do que razão. Porém o resultado foi uma grata surpresa, uma das raras.  Teresa Cristina toca com o Grupo Semente. Sua música é contagiante porque a princípio não parece nada de mais, mas depois de algum tempo começamos a ver que ela se trata de uma sambista de primeira categoria. Neste disco de 2007, a interpretação que mais impressiona é a música Gema do Caetano Veloso. Vemos com essa interpretação que a música é realmente um belo samba. Esse é um CD pra quem gosta de samba tradicional. O repertório inclúi: Nem Ouro, Nem Prata, João Teimoso entre outras. Se vocês não conhecem o trabalho da Teresa Cristina, esse CD é um ótimo início. O disco está disponível no blog Um Que Tenha, mas o disco pode ser baixado diretamente usando este o linque aqui que copiei do blog deles. Aproveitem.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Guinga: Noturno Copacabana

Guinga sempre me impressionou. Desde a primeira vez que ouvi sua música, me convenci que estava ouvindo algo que não era passageiro. Sabia que estava ouvindo um dois maiores músicos da MPB. E não estou aqui separando-o de nomes como Caetano, Chico, etc. pois Guinga merece todo o nosso respeito. Vejam que Caetano, Chico já expressaram sua admiração por este grande músico da (não muit0) nova geração. Recentemente comprei o CD Noturno Copacabana pois ele contém uma das canções mais lindas do Guinga: Senhorinha. Logicamente não é surpresa que o disco todo é excelente. Com parcerias com Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro o disco mostra a versatilidade de Guinga. A canção O Silencio de Iara é uma obra prima da letra ao arranjo. Esse disco foi lancado em 2003, de lá para cá Guinga lançou outros discos. Vejam o site oficial para mais informações. Caso queriam ouvir esse disco antes de comprar, visite o site Música da Boa (linque na barra ao lado do blog). O disco pode ser baixado usando este linque aqui.

Como Ouvir esse Discos

Me perguntaram como ouvir esses discos. O melhor site para isso é o Um que Tenha. Mas existem vários outros sites na Internet onde vocês podem achar os discos. 
Se fizerem a seguinte pesquisa no Google:

site:blogspot.com [nome_do_cd] [nome_do_artista].

muito provavelmente vocês acharão linques de páginas onde os CDs podem ser baixados.
[nome_do_cd] deve ser substituído pelo nome do CD que você está procurando e [nome_do_artista] pelo nome do artista do CD que voce está procurando. 
Por exemplo, para o disco do Guinga, voce pode fazer

site:blogspot.com Noturno Copacabana Guinga

Muito provavelmente o resultado desta pesquisa no Google mostrará sites onde você poderá baixar as músicas que quer. Eu não tenho associação nenhuma com este outros sites, mas tentarei, sempre que possível colocar o linque de algum que tenha os arquivos para serem baixados. A responsabilidade é toda sua. Tenha cuidado porque alguns sites podem ter vírus.
Outra coisa é que eu sugiro que comprem o disco pois assim vocês ajudam aos artistas do disco.

Ia esquecendo... cada site possui um método diferente de disponibilizar os discos. Vocês vão ter que se virar para descobrir como fazer. Eu so estou mostrando onde achar.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Irio de Paula: Jazz e Samba

Muitas vezes esquecemos quão vasta é nossa música e nos acostumamos a ouvir as mesmas músicas, interpretações, compositores, intérpretes. Mas sempre é bom lembrar que nossa música é tão rica que poderíamos passar todas as nossas vidas pesquisando e ainda assim não encontraríamos todas as pérolas espalhadas pelo mundo. Irio de Paula é pra mim uma dessas. Eu confesso que nunca tinha ouvido falar seu nome (e olhe me considero até bem educado em música). Fiquei ainda mais surpreso porque o CD que recomendo aqui é uma mistura de Jazz e Samba tocada ao violão. Sou apaixonado por Jazz e Samba e meu instrumento preferido é o violão. Esse disco é de 1996, gravado ao vivo na Itália. O repertório inclúi: Samba em Prelúdio, Na Baixa do Sapateiro, Odeon, Upa Neguinho e minha interpretação favorida neste disco que é Ponteio de Edu Lobo. Agora que meus ouvidos foram abertos para sua música espero explorar ainda mais discografia que não é pequena; vejam aqui. Nas últimas 2 semanas tenho ouvido este disco quase que diariamente. Recomendo!!!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Releitura da música de Francis Hime

Já que estamos falando de releituras, vai aqui mais uma mas desta vez de um dos maiores compositores do Brasil: Francis Hime. Ainda lembro quando meu pai, que representava gravadoras de disco, trazia LPs para casa. Um dos que mais lembro ouvindo sem parar foi um disco do Francis Hime chamado Se Porém Fosse Portanto.

Infelizmente o Francis Hime anda um pouco esquecido mesmo com todo o seu talento. Provavelmente as gravadoras preferem lançar discos do Chiclete com Banana. Mas nem tudo é lágrimas já que em 2008 essa gostosa releitura chamada Album Musical 2 foi lançada pela Biscoito Fino. O disco é mais como um "songbook". O Francis não canta nenhuma de suas músicas neste disco que são cantadas por convidados incluindo: Zeca Pagodinho com uma linda interpretação de Amor Barato, Ivete Sangalo cantando Quadrilha e minha preferida que é Luiz Melodia interpretando O Rei de Ramos, música que há tempo não ouvia. Outros artistas convidados são Ed Motta, Olivia Byington, Renato Braz, Teresa Cristina (excelente essa menina! tenho vários discos e vou comentá-los aqui dentro de alguns dias), Joyce e outros. O Site "Um Que Tenha" possui esse disco. Pode baixar usando este linque.

Logicamente existe o Album Musical 1 mas esse eu não tenho mas que deve ser muito bom também já que conta com participações como a de Milton Nascimento, Caetano, Djavan, Miúcha e outros.

Samba de Rainha

Esse renascimento do samba no Brasil está nos trazendo belos grupos. O grupo Samba de Rainha é um desses. Formado somente por mulheres, o grupo é belo não só devido a beleza feminina mas principalmente por sua música. O disco Vivendo Samba (foto ao lado) é um desses discos de Sambão, não é chorinho é como se diz em Fortaleza algo entre uma batucada e samba de roda. O CD vale a pena e tenho certeza que este grupo ainda vai nos dar muitos discos bons. Minha música favorita do CD Vivendo Samba é "É Difícil Dizer". Alguns vídeos do grupo podem ser vistos aqui no YouTube incluindo uma entrevista delas no programa do Jô. Mais informações sobre o grupo também estão também na página do grupo no MySpace.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Choro das 3

Choro das 3 é um grupo de chorinho formado por 3 irmãs de Porto Feliz, SP. A idade das meninas que têm 20, 17 e 15 anos não transparece no CD que é na minha opinião uma excelente re-leitura de uma música nossa que precisa ser ouvida mais, principalmente pelos jovens. Projetos como esse certamente ajudam nesse processo. O disco incluí clássicos como Odeon, Flor de Abacate, Doce de Coco (minha favorita), Carinhoso e Sons de Carrilhões.
Se quiserem ouvir o disco cliquem aqui.

Início

Criei esse blog com o intuito de falar de algumas músicas/discos/DVDs de música que tenho ouvido recentemente. Logo farei meu primeiro "post".